Como é que se explica a uma criança de sete anos, feitos há uma semana, que o pai faleceu?? Um pai que raramente esteve presente na vida dela, que agora começava a ganhar a sua importância, que agora sim começava a exercer a sua função de pai? Primeiro explica-se que o pai teve um acidente de carro, embora saibamos que não foi nada disso que aconteceu, que aconteceu pelas suas próprias mãos, e que está muito mal no hospital, mesmo sabendo nós que ele não volta a acordar. Explica-se que o pai está a descansar e que o doutor não deixa o pai ter visitas. Mentira... mentira... corta-me o coração ter de lhe mentir, mas tem de ser. Os seus pequenos sete anos não permitem mais do que isto e ela um dia entenderá. Depois deixa-se passar uma noite a digerir o assunto e no dia seguinte diz-se que o mesmo médico que ficou a tratar do pai, telefonou a dizer que o pai afinal teve de ir para o céu, que agora é uma estrelinha e que vai estar sempre a olhar por ela. E basta... já custa o que custa ela lamentar-se que sempre avisou o pai para não falar ao telemóvel enquanto conduzia. Já custa saber que ela dormiu a noite toda com a fotografia do pai agarrada. Já custa ela querer saber de todos os pormenores tal como gente grande. Já custa ela chegar a florista e dizer "quero um ramo bonito e com brilhantes porque o meu pai morreu" assim com estas palavras. Para esta criança não há o pai foi para o céu, mesmo que tenham sido essas as palavras usadas. Para esta criança o pai morreu. Para esta criança o pai está morto, não há o pai está a dormir e só acorda de noite. Mas para esta criança há o brilho da estrela no céu. E foi isso que ela disse assim que saiu a porta de casa dos avós. "Olhem, o meu pai está a sorrir para mim, afinal não era mentira e ele é mesmo uma estrela"
Nunca o suicídio devia ser uma hipótese.
3 comentários:
É pá... :S
Um beijinho
Forte mesmo...
Abraço
Sem palavras! Força!
Beijinhos!
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