sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sou gaja... e depois???

Quando escolhi ser arqueóloga, ainda na inocência da tenra idade, nunca pensei em vir a deparar-me com problemas de escolha entre géneros. Sempre achei que o trabalho ia aparecer relativamente fácil, que bastava queremos muito e que o facto de ser gaja não impedia em nada ser boa profissional. No entanto, os anos foram passando e aquando a minha frequência universitaria, comecei a reparar que o mundo da arqueologia não é tão brilhante quando as peças em ouro que gostamos de encontrar. As moças, mesmo boas estudantes e profissionais que sejam, têm sempre, mas sempre que se esforçar um pouco mais que o meninos, mesmo que eles sejam os mais desleixados de todos os tempos, e casos houve, na minha turma, de um professor, aquando a realização de um teste, ter dado nota negativa a todas as meninas justificando que arqueologia era um trabalho de homens e não de raparigas. Vozes se levantaram contra esta afirmação e o senhor lá achou por bem pedir desculpa pelo comentário e ser realmente justo relativamente as notas. Também a forma como nos vestimos tem uma certa influencia aos olhos mais experientes, uma rapariga que vista calças com bolsos é muito melhor profissional, do que uma que calce sapatos de salto alto, porque esta ultima é uma betinha, porque vai ter medo de sujar as mão e de andar de joelhos no chão. E não podiam estar mais enganados. Quanto á parte que me toca, tão depressa posso estar de calças de bolsos e panamá na cabeça, como posso calçar sapatos de salto alto e em nenhuma das ocasiões tenho medo de sujar as mãos, porque isso parte da personalidade de cada um e se á partida escolhe esta profissão é porque, obviamente, sabe ao que vai. Não acredito que haja uma só alminha feminina que escolha arqueologia só para ser como a Lara Croft, ou que queira um trabalho exclusivamente de museu. Ser arqueóloga é andar com as mãos na terra, é respirar pó até não conseguirmos mais, é crivar ter o crivo como melhor amigo e usar picareta até nos doerem os braços, é acartar baldes de pedras só porque sim. Ora e todo este discurso porquê, perguntam vocês... porque todos os dias tenho estado atenta as ofertas de trabalho na minha área, e hoje houve uma que me chamou a atenção pela negativa. Dizia a oferta que queriam arqueólogos para um acompanhamento qualquer não sei bem onde, que já não me lembro, mas que obrigatoriamente teriam de ser masculinos. Então e nós raparigas? Não temos direito ao nosso lugar? Não temos direito a trabalhar na área, só porque se parte do pressuposto que é uma área exclusivamente de homens, apesar de as turmas serem maioritariamente femininas? Fiquei revoltada, a serio que fiquei...

3 comentários:

Quel* disse...

É triste. Deviam dar oportunidades iguais a todos. Como em tudo na vida, em todos os géneros há pessoas melhores que outras.

Anónimo disse...

Felizmente nunca senti isso! Até posso dizer que uma arqueóloga é bastante mais "acarinhada" pelos trabalhadores das obras que um arqueólogo, gostam de nos ajudar e facilitam-nos a vida. Muitas vezes a questão da preferencia por um ou outro sexo surge quando se têm que dividir quartos com colegas...enfim...convenhamos que, se já têm um arqueólogo num quarto, não vão lá pôr uma mulher e vise versa!

sónia, mulher e mãe disse...

:( :(